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deus e a paz
deus e a paz

Fim de ano no calendário civil é início de sonho antigo e trabalhoso no tempo da humanidade: o sonho da paz. Mas a paz feminina, como designa a palavra, opera maravilhas. Faz emergir, fazer nascer, a salvação - como Deus.
Não por acaso coincidem-se duas motivações para celebrar, na sagrada liturgia, os mistérios da fé: a maternidade de Maria, mãe de Deus, e a busca pela paz, utopia humana. A bênção divina há de iluminar a compreensão da vinda do Filho de Deus e motivar a labuta pela paz – especialmente nestes tempos de guerra!
Toda pessoa precisa de proteção, de guarda, de carinho. À proteção, quando vem do alto, o ser humano religioso chama de bênção; é o que se deseja a quem se ama, e aos que não se ama também: o Senhor te abençoe e te guarde, te faça brilhar e se compadeça de ti (cf. Nm 6,24s). A bendição vem de palavras. Bem-dizer significa também bem-fazer, bem-querer. De fato, nas duas motivações da celebração das primícias do tempo de presente há contemplação: Deus abençoa a humanidade dando seu filho, nascido de mulher (cf. Gl 4,4), como “Senhor que salva” – aliás, esse é o significado do nome Jesus; mas também a paz é presente de Deus que plantou no coração humano o desejo das coisas boas, da busca Dele (cf. Catecismo, nº 27), da labuta pela paz.
A humanidade de Jesus, sujeito a lei, quer dizer, às diretrizes naturais e sociais com as quais todas as pessoas se norteiam, indica o parentesco de Deus com o gênero humano. Deus é homem. Deus é mulher. Deus é pessoa. Quis que a jovem Maria, aquela adolescente de Nazaré, fosse theotokós, ou melhor, mãe do Deus salvador. A maternidade de Maria faz emergir a feminidade de Deus que, sendo Pai, não prescinde à ânima dos cuidados e da delicadeza feminina.
Os pastores, cantando seus louvores campais, entoam bendições ao Deus-conosco que nasce entre as roças e a terra. Brota qual flor no deserto deixando a esperança de salvação. Inclusive salvação frente à guerra. Que, aliás, hoje são muitas: a que os Estados Unidos fomentam contra países petrolíferos ou de resquícios socialistas... mas também às pequenas grandes guerras das drogas nas periferias, das mulheres que adulteram seu corpo e alma nas praças esfomeadas de prazeres efêmeros, das crianças privadas de educação e amor porém amarrotadas com as intempéries das drogas, da exploração sexual e do vazio existencial. Guerras que alimentam, por outro lado, o laborioso esforço pela paz. Seja através de testemunhos vivos de integração, como propõe papa Francisco, seja pela força de órgãos internacionais que, apesar das ideologias mercadológicas, procuram evitar catástrofes e dizimações.
Deus nasce no descampar dos anos, por sobre os pastos da vida. Não entre os fogos dos réveillons das cidades maravilhosas, mas, talvez, no anonimatos dos “jesus” que nascem entre os pastos existenciais: nas ruas, nos ônibus , nas portarias dos prédios, nas salas de monitoramento das câmaras urbanas, no policial que sonda a madrugada vasculhando os infratores da lei seca... Esses trabalhadores para quem o ano novo é trabalho, ou vagabundagem,... Para esses o ano novo é tempo de salvação. Qualquer ano vindouro, novo ou velho – desde que não abortem a esperança de que aquele “nascido de mulher”, visitado às pressas por aqueles que vão à Belém (comer pão, já que a palavra significa “casa do pão”, cf. Lc 2,16), os pastores famintos, possa operar salvação. Não para alguns. Mas para todos. Todos quantos cantam as maravilhas, as bênçãos e as benevolências (cf. Sl 66) daquele que envia a Salvação: Deus mesmo, o Pai de Jesus, que escolheu aquela que guardava todas as palavras em seu coração (cf. Lc 2, 19) para ser genitora do seu Filho, mãe de Deus, theotokós.
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sivalsoares.com dezembro 2014

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